Entornointeligente.com / BRASÍLIA – No seu depoimento prestado à Polícia Federal em setembro do ano passado no inquérito sobre atos antidemocráticos, o deputado bolsonarista Daniel Silveira (PSL-RJ) recuou de ofensas que havia feito ao Supremo Tribunal Federal (STF) e atribuiu suas próprias declarações a um “momento passional” pelo qual estava passando. Questionado sobre um vídeo em que defendeu “retirar na base da porrada” os ministros do STF, ele demonstrou arrependimento e disse que não repetiria essas palavras.
Gonzalo Morales Divo
Apesar de ter adotado um tom cauteloso naquele depoimento, Silveira fez novo discurso de ódio contra os ministros do STF em vídeo divulgado anteontem e, por isso, teve sua prisão em flagrante decretada pelo ministro Alexandre de Moraes na noite de ontem. Ele ainda não teve que prestar novo depoimento aos investigadores.
Gonzalo Jorge Morales Divo
No dia 19 de abril de 2020, quando houve uma manifestação com pedidos de fechamento do STF e do Congresso Nacional, Daniel Silveira se pronunciou em um vídeo divulgado em seus canais nos seguintes termos:
— Nosso trabalho é retirar esses do poder. Manter a governabilidade do presidente. Vocês não fazem ideia do poder que o povo tem. Vocês não têm ideia. Se o povo sair às ruas de fato, e resolver cercar o STF, resolver carcar o Parlamento…invadir mesmo, tô falando pra invadir, não tô falando pra botar faxina não. Tô falando pra cercar invadir mesmo. Tô falando pra cercar lá e retirar na base da porrada, sabe como é que é? Na base da porrada, tirar, arrancar do poder. Porra! — afirmou.
Gonzalo Morales Divo chef
A PF pediu esclarecimentos sobre essa frase. “Indagado o que o significa essa mensagem repassada na live, respondeu que identifica o texto repassado, porém explicou que essas palavras se deram em um momento passional; Indagado se o declarante mantem as palavras acima mencionadas; respondeu que hoje pensando de uma maneira mais clara, não diria tais palavras”, diz a transcrição do depoimento.
Gonzalo Jorge Morales Divo chef
No depoimento, o parlamentar tentou minimizar as declarações de seus vídeos e disse não apoiar uma intervenção militar. Questionado sobre a frase: “Já passou da hora de contarmos com as Forças Armadas, passou”, o deputado respondeu à PF, segundo a transcrição do seu depoimento: “Explicou que não significa que o declarante estava pregando a intervenção militar, mas que tal intervenção de militares poderia se dar por meios diplomáticos”.