SÃO PAULO — Os deputados estaduais da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) votaram, nesta terça-feira, por unanimidade pela cassação e perda dos direitos políticos do ex-deputado Arthur do Val (União Brasil), conhecido como «Mamãe Falei». Dos 94 parlamentares, 73 votaram, todos pela cassação.
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Do Val, que deve recorrer à Justiça para evitar ficar inelegível por oito anos, já havia renunciado ao mandato em 20 de abril. A defesa do agora ex-parlamentar acreditava que, com a renúncia, o processo poderia não ir para votação em plenário, mas esse argumento foi rejeitado pela Procuradoria da Alesp .
O ex-deputado, membro do Movimento Brasil Livre (MBL), foi cassado após o vazamento de uma série de mensagens de áudio enviadas por ele em um grupo de WhatsApp em que o parlamentar, durante uma viagem à Ucrânia feita em março e já em meio à guerra no país do Leste Europeu, dizia que as refugiadas ucranianas são «fáceis porque são pobres» .
Veja imagens de Arthur do Val, deputado que enviou áudios a amigos sobre mulheres na Ucrânia O deputado estadual Arthur do Val (Podemos), conhecido como Mamãe Falei Foto: Edilson Dantas / Agência O Globo Arthur do Val viajou à Ucrânia para, segundo ele, ajudar na resistência contra a invasão russa. Ele é alvo de críticas de políticos e autoridades após ter um áudio divulgado em que faz ofensas a ucranianas Foto: Edilson Dantas / Agência O Globo Após divulgação de áudios machistas, Arthur do Val decidiu retirar sua candidatura ao governo de SP Foto: Reprodução / Instagram Arthur do Val, então eleito pelo DEM, e Eduardo Bolsonaro, em 2018 Do Val foi eleito deputado estadual em 2018 pelo DEM Foto: Michel Jesus / Divulgação Pular PUBLICIDADE Deputado estadual se filiou ao Podemos, em janeiro para ser lançado ao governo de São Paulo Foto: Edilson Dantas / Agência O Globo O ex-ministro Sergio Moro, pré-candidato do Podemos à Presidência, e Arthur do Val: relação rompida após episódio do vazamento do aúdio Foto: Reprodução / Instagram «Mamãe falei», como ficou conhecido em vídeos nas redes sociais, viajou ao país europeu para, segundo ele, ajudar na resistência contra a invasão da Rússia ao país.
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Em outro trecho dos áudios, o parlamentar havia acabado de cruzar a fronteira da Ucrânia com a Eslováquia e disse que a fila das refugiadas só tinha «deusa» e que «a fila da melhor balada do Brasil, na melhor época do ano, não chega aos pés» da fila de refugiadas.
Após a repercussão das mensagens, o político, que estava filiado ao Podemos e era pré-candidato do partido ao governo paulista, retirou a candidatura, deixou a sigla e se licenciou do MBL. Até então, a intenção era que ele atuasse como um palanque para o ex-juiz Sergio Moro em São Paulo.
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Então namorada de Do Val, a enfermeira Giulia Blagitz terminou o relacionamento com o político por causa dos áudios.
Quando do vazamento das mensagens, o então deputado estadual admitiu a autoria dos áudios e chegou a pedir desculpas, embora tenha argumentado que a cassação de seu mandato só ocorreu por perseguição política. Isso porque, desde sua eleição, o deputado colecionou desafetos no plenário da Alesp. Menos de um mês depois do escândalo, Do Val filiou-se ao União Brasil.
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O advogado Paulo Henrique Franco Bueno, responsável pela defesa de Do Val no plenário da Alesp nesta terça-feira, disse que o ex-parlamentar deve recorrer da punição na Justiça.
Para a defesa de ‘Mamãe Falei’, o político não teve amplo direito à defesa durante o seu processo de cassação. Além disso, Franco Bueno argumenta que Do Val não poderia ser punido porque estava licenciado do mandato e fora do país quando enviou as mensagens machistas. Segundo ele, os áudios não são «suficientemente graves para a cassação de mandato parlamentar».
PUBLICIDADE — O Brasil não pode julgar atos cometidos fora (do país) que não sejam casos de extradição. Legalmente, este foro (a Alesp) não é competente juridicamente para julgar os atos do deputado — argumentou o advogado no plenário da Alesp.
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