Susan Hopkins, consultora da Saúde Pública da Inglaterra (PHE), disse à Sky News que a agência avisou ao governo na sexta-feira, depois que os estudos revelaram a gravidade da nova cepa
LONDRES — Vários países europeus, dentre eles França e Itália, impuseram novas restrições às viagens de e para o Reino Unido neste domingo devido à preocupação com uma nova cepa do coronavírus que está se espalhando rapidamente em território britânico. A variante do vírus teria uma capacidade de contágio 70% maior do que as cepas anteriores.
Neste domingo, Áustria, Bélgica, França, Alemanha, Irlanda, Itália e Holanda anunciaram a suspensão das conexões aéreas e, em alguns casos, das conexões marítimas e ferroviárias com o Reino Unido. Na maioria dos casos, as medidas entrarão em vigor a partir da meia-noite deste domingo e durarão pelo menos um ou dois dias. Na segunda-feira, embaixadores da União Europeia (UE) realizarão uma reunião de crise em Bruxelas para abordar as restrições, depois que a Espanha pediu uma resposta coordenada da Europa em relação aos voos.
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A Alemanha, por sua vez, anunciou que estuda “seriamente” suspender voos do Reino Unido e África do Sul, após a descoberta de variantes da Covid-19 também no país africano. Já o governo belga informou que está dialogando com a França para monitorar de perto as pessoas que chegam do Reino Unido de carro e vai aumentar os controles na fronteira.
A descoberta da nova cepa, que surgiu no Sudeste da Inglaterra, levou o governo britânico a decretar uma quarentena total da região metropolitana de Londres no sábado, em uma tentativa de evitar a chegada do vírus mutante à região mais populosa do país.
Diante desta nova cepa, a Organização Mundial da Saúde (OMS) pediu para que os controles sejam reforçados na Europa. Fora do território britânico, foram detectados nove casos na Dinamarca, um na Holanda e outro na Austrália, segundo a OMS, que recomendou aos seus membros “aumentar suas [capacidades de] sequenciamento do vírus”.
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Na Itália, que também registrou neste domingo um caso da nova variante do vírus, a suspensão dos voos procedentes do Reino Unido foi anunciada pelo ministro italiano das Relações Exteriores, Luigi Di Maio.
“Como governo, temos o dever de proteger os italianos e, por essa razão, vamos assinar com o ministro da Saúde um decreto para suspender os voos com o Reino Unido“, escreveu em sua conta no Facebook, sem especificar quando a medida entrará em vigor. “Nossa prioridade é proteger a Itália e nossos compatriotas”.
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A França também anunciou que proibirá a entrada por 48 horas a partir da noite deste domingo a todas as pessoas que chegarem ao país vindas do Reino Unido, incluindo transportadoras de carga, por via rodoviária, aérea, marítima ou ferroviária, disse o gabinete do primeiro-ministro.
No caso da Bélgica, a suspensão dos voos e viagens de trens provenientes será por um período mínimo de 24 horas a partir da meia-noite deste domingo como “precaução”, de acordo com o primeiro-ministro Alexander de Croo, que acrescentou que o prazo pode ser estendido após estudos mais conclusivos.
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Espanha pede resposta coordenada A reunião em Bruxelas de segunda-feira é uma resposta a um pedido feito pelo governo da Espanha, depois que vários países da região anunciaram que suspenderão suas conexões aéreas com o Reino Unido.
“O objetivo é proteger os direitos dos cidadãos da comunidade através da coordenação, evitando o unilateralismo”, explicou o governo espanhol em um comunicado, no qual afirma que se não houver ação conjunta, Madri tomará medidas “em defesa dos interesses e direitos dos cidadãos espanhóis”.
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As medidas acontecem ao mesmo tempo em que um terço da população inglesa inicia um reconfinamento, devido à nova cepa do coronavírus que circula “fora de controle”, segundo o ministro da Saúde britânico, Matt Hancock. Os cientistas descobriram esta variante em um paciente em setembro.
O primeiro-ministro Boris Johnson já havia explicado no sábado que Londres e o Sudeste da Inglaterra voltariam a respeitar um confinamento rigoroso, às vésperas das festas natalinas, porque uma nova variante do vírus circulava muito mais rápido.
Em declarações à Sky News, Hancock disse que a situação era “extremamente séria”.
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— Será muito difícil controlá-la até que tenhamos distribuído a vacina — afirmou. —Teremos que lidar com isso durante os próximos dois meses.
Susan Hopkins, consultora da Saúde Pública da Inglaterra (PHE), disse à Sky News que a agência avisou ao governo na sexta-feira, depois que os estudos revelaram a gravidade da nova cepa.
Desde a semana passada, a Europa é a região do mundo com mais mortes pela Covid-19, com mais de 514 mil óbitos desde o início da pandemia há quase um ano. Para evitar que o vírus se propague ainda mais durante as festas de Natal e Ano Novo, vários países impuseram novas restrições mais rigorosas.
Na Holanda, está em vigor um confinamento de cinco semanas, e as escolas e comércios que não são essenciais permanecerão fechados até meados de janeiro.
A Itália, um dos países mais afetados com mais de 68.400 mortes e quase dois milhões de casos, impôs novas medidas para as festas, entre 21 de dezembro e 6 de janeiro: só estará permitida uma saída ao ar livre diária por casa, não estará permitido viajar entre regiões e bares, restaurantes e lojas não essenciais estarão fechados.
PUBLICIDADE No restante do planeta, o vírus continua se espalhando. No total, o coronavírus cobrou mais de 1,6 milhão de vidas em todo o mundo e infectou mais de 76 milhões de pessoas, de acordo com uma contagem da AFP neste domingo com base em fontes oficiais.
A maioria dos países aguarda impaciente o início das campanhas de vacinação, que se apresentam como a única forma de conter o vírus. Na União Europeia, começarão a partir de 27 de dezembro, seguindo os passos dos Estados Unidos e Reino Unido. Rússia e China também começaram a administrar vacinas em seu território produzidas em nível nacional.